quinta-feira, 13 de junho de 2013

EM BUSCA DA CAPACIDADE DE BUSCAR

Sabe uma coisa que me chama atenção? A rapidez com que uma informação, verdadeira ou não, se espalha nas redes sociais. Arrisco até dizer que as informações não verdadeiras (ou parcialmente verdadeiras) são as mais velozes. Acho isso fascinante, mas também assustador. Muito do que hoje se consome são palavras soltas, mensagens replicadas com fotos diversas, vídeos amadores (ou não), citações com autores duvidosos... nisso tudo vejo uma sede de exposição além da medida. É um novo vício, o de se expor e o de xeretar, mas sem uma real noção do que isso pode significar. E assim caminha a humanidade virtual. Rápida, indomável e extremamente fugaz.
Pois bem, essa rapidez merece uma reflexão. As mudanças tecnológicas não são acompanhadas de mudanças internas nas pessoas que compõem as redes – e por conseguinte, nossas famílias, nossas cidades, nossas empresas... Uma grande necessidade de apoio, respeito e carinho se reflete em cada post, em cada mensagem. Sentimento virtualizado, “roubartilhado” em reflexões emprestadas, fragmentadas e desconexas. Seria um reflexo do que vivemos? Uma perplexidade tão sem tamanho que toda palavra e imagem faz sentido de forma genérica e aplaca a angústia de ter que ser visto, lido e curtido? Não denunciaria uma falta?
Outro dia li algo quase impossível de precisar o autor pois, com certeza, já foi citado com vários nomes diferentes nas redes. Algumas pesquisas apontam que grande parte das pessoas pedem demissão do seu chefe. E também tenho lido muito sobre o tal “apagão de mão de obra”. E também vejo uma quantidade enorme de grandes profissionais, com carreiras sólidas e muita experiência... procurando emprego. Pois bem, isso tudo dá um samba bom. Pessoas buscam mais que salário, cargo e tecnologia – buscam respeito e reconhecimento. Será que esse "chefe" consegue avaliar o estrago que está fazendo? E este profissional, por sua vez, vai para o mercado em busca de algo – uma nova colocação onde possa se sentir respeitado e reconhecido, onde possa mostrar seu potencial e se desenvolver. Será que ele tem clareza do que está buscando? É atropelado pela rapidez com que milhares de currículos chegam para cada vaga, triados virtualmente. E lá vem o “apagão”. Em algum lugar as pessoas certas estão se perdendo dos lugares certos onde poderiam desenvolver seu potencial e, com isso, fazer crescer a empresa e acabar com o “apagão”. Parece uma fórmula simples, mas não é. No meio disso tudo existe algo mais importante que se perdeu nessa rapidez virtual. Não sabemos mais o que procurar, quem procurar e como procurar. Apenas... procuramos! Emprestamos sentimentos e queixas alheias por não sabermos mais como expressar a nós mesmos. Isso em casa, no trabalho e na sociedade.
Vale refletir sobre isso? Espero que sim pois precisamos urgentemente voltar a enxergar a subjetividade para aí sim encontrar sentido no que fazemos. Que nossa busca não seja por cargo, salário ou poder, mas sim por respeito, reconhecimento e amor. Amor pela vida, em todas as suas dimensões.

A pergunta então é – você sabe o que você busca?
Cladismari Zambon 

Um comentário:

  1. O que é também interessante, é que as pessoas se 'escancaram' nas redes sociais, contam sobre o seu cotidiano, detalhando as coisas mais corriqueiras e, olhando as pessoas nas ruas, nos carros, nos ônibus, nos metros, nos trens, o que se vê é uma completa alienação... todos com seus fones de ouvido, num mundo individual, restrito, solitário...
    É PARADOXAL... Nas redes sociais expõem-se descontroladamente e, ao vivo, face a face, refugiam-se nos seus 'fones de ouvido'...

    ResponderExcluir